Costa pede à direita que pare de “brincar com a dívida”

  • Margarida Peixoto
  • 8 Fevereiro 2017

O primeiro-ministro acusou o PSD e o CDS de brincarem com a dívida e de fazerem declarações que "perturbam os mercados". E defendeu que os leilões desta manhã foram bem-sucedidos.

Foi um misto de acusação com pedido de tréguas. António Costa foi confrontado esta tarde, na Assembleia da República, com os números da dívida. Trazia a lição estudada: respondeu com os valores do Executivo passado e com outras conquistas do atual Governo. Mas acabou por acusar os deputados da direita de ter intervenções que perturbam a confiança dos mercados e de “acender uma vela a rezar pelo aumento dos juros”.

“Não me lembro de nenhum país democrático onde a oposição tivesse brincado com a dívida pública. Nunca ninguém me ouviu dizer alguma palavra que perturbasse a confiança dos mercados. E nunca ninguém me viu a acender uma vela a rezar pelo aumento dos juros”, criticou António Costa. E frisou: “Quem não sabe ser Governo, continua a não saber ser oposição.”

O primeiro-ministro respondia a Assunção Cristas, líder do CDS-PP, que já no debate quinzenal anterior tinha pressionado o Executivo com os números da dívida. Nessa altura, Cristas criticou Costa por não revelar o valor do aumento da dívida pública bruta. Esta tarde, já com os números publicados pelo Banco de Portugal — e que dão conta de uma subida da dívida de nove mil milhões de euros, para os 241,1 mil milhões de euros — Costa não teve outro remédio se não assumir a subida do endividamento.

“No ano passado a dívida pública aumentou 0,7 pontos percentuais. Mas os 0,7 explicam-se unicamente pelo esforço que tivemos de fazer para resolver o problema do sistema bancário”, frisou o chefe do Executivo, lembrando os casos do Banif e da Caixa Geral de Depósitos.

Esta resposta foi dada tanto a Assunção Cristas, como a Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar do PSD. O deputado tinha deixado um aviso sério: “A gestão da dívida do seu Governo é um desastre. Tem de acordar para o problema porque isto vai-lhe rebentar nas mãos.”

Costa aproveitou a oportunidade para dizer que durante a legislatura do Governo PSD/CDS-PP a dívida pública bruta aumentou “32,2 pontos percentuais, de 96,9% do PIB, para 129% do PIB”. Já no seu Governo, defendeu o primeiro-ministro, o défice é “o que menos contribui para a subida da dívida e o saldo primário é o que mais contribui para a sua descida”.

Sobre o aumento dos juros no financiamento da República, verificado nos leilões de Obrigações do Tesouro realizados esta manhã, Costa recorreu à presidente do IGCP, Cristina Casalinho, para defender que as operações de colocação de dívida foram, apesar de tudo, bem-sucedidas. “Sem quebrar nenhuma confidência, a presidente do IGCP estava bastante satisfeita”, disse o primeiro-ministro, replicando os argumentos que a responsável pelo Tesouro lhe terá dado: a emissão foi a cinco anos, “que é um prazo difícil” e na sequência dos leilões já se verificou uma “redução da taxa de juro que já baixou sete pontos base”.

No final, o primeiro-ministro disse apenas: “faremos tudo para continuar a contribuir para uma redução da taxa de juro”.

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